quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Com rostos conhecidos, "Malu de Bicicleta" é adaptação da obra de Marcelo Rubens Paiva

“Está mais do que na hora de o cinema brasileiro descobrir Marcelo Rubens Paiva”, decreta o produtor e diretor Flavio Tambellini, cujo próximo filme será “Malu de Bicicleta”, baseado num romance do escritor paulistano. Com uma carreira de quase trinta anos e praticamente uma dezena de livros publicados, apenas “Feliz Ano Velho” foi levado para as telas, numa premiada adaptação de Roberto Gervitz, lançada em 1987.
“Torço para que meu filme abra as portas para novas adaptações dos livros do Marcelo”, disse Tambellini ao UOL Cinema por telefone do Rio de Janeiro, onde finaliza o seu terceiro longa. “Durante muito tempo, os diretores só buscaram romances regionalistas. E Paiva é um autor mais urbano, por isso passou batido”.
Tambellini conhecia o escritor apenas de vista. Apesar disso, a parceria rendeu um roteiro muito interessante. “O Marcelo ficou muito animado, visitou o set algumas vezes, inclusive”. Quanto à adaptação, o diretor explica que foi fiel, mesmo sendo infiel. “Mais do que me prender ao livro, eu quis ser fiel ao espírito da obra. Muita coisa ficou de fora, como os flashbacks. Eu prefiro sempre contar histórias no tempo presente. Mas aquilo que o romance quer contar com certeza está intacto na tela”.
O projeto de “Malu de Bicicleta” começou com o ator Marcelo Serrado (“Noites de São João”), que levou uma primeira versão do roteiro para Tambellini e o convidou para dirigir. “Eu sugeri algumas mudanças e fiz um novo roteiro, em parceria com o escritor”. No elenco, além de Serrado, o filme também traz Fernanda de Freitas (“A Casa da Mãe Joana”), Maria Manoela (“Crime Delicado”) e Marjorie Estiano, que faz sua estreia em cinema. “Em meus filmes, sempre gostei de mesclar atores veteranos com estreantes. Acho que os primeiros trazem sua experiência de carreira e os outros, um pouco do frescor, a vontade de experimentar. É uma boa mistura”.
Outra coisa que diferencia os filmes dirigidos por Tambellini, é que os três são adaptações literárias. “Buffo & Spallanzani” (2001) baseava-se no romance de Rubem Fonseca, e “O Passageiro – Segredos de Adultos” (2006), no livro de Cesário Mello Franco. “Eu gosto de trabalhar com uma obra já pronta, isso me ajuda a construir a dramaturgia do filme”.
“Malu de Bicicleta” pode ser lançado ainda no primeiro semestre de 2010. “Tínhamos uma previsão de lançar em maio, mas creio que está muito em cima. Junho e julho serão meses complicados para estrear um filme por causa da Copa. Por isso, estamos estudando a data”, explica o diretor.
Trabalhando com um orçamento em torno de R$1,3 milhão, Tambellini rodou o longa em quatro semanas, numa câmera digital, mas o finaliza em película, com fotografia assinada por Gustavo Hadba (“Lula, o filho do Brasil”). “Foi um trabalho muito intenso para cumprir o prazo, mas o resultado me agrada muito. Agora estou curioso para ver o filme pronto, porque a gente planeja uma coisa, mas a obra ganha vida própria e nem sempre sai como queríamos. Às vezes fica melhor, às vezes, pior”.
Tambellini define “Malu de Bicicleta” como uma história de relacionamentos contemporânea. Ele diz ter feito o filme pensando no público, mas admite que isso é uma incógnita: “Saber o que as pessoas querem ver é o grande mistério e fascínio do cinema. Não tem como se prever isso. Espero ter acertado.”

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